quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Dica de Leitura: O Sentimento do Mundo, de Carlos Drummond de Andrade

Carlos Drummond de Andrade nasceu em 31 de outubro de 1902, em Itabira do Mato Dentro, nono filho do fazendeiro Carlos de Paula Andrade e Julieta Augusta Drummond de Andrade. Foi jornalista, professor secundário, funcionário público, tradutor, usou óculos de aro de tartaruga, terno, gravata e uma pastinha preta que carregava na mão quando seguia, já morando no Rio de Janeiro, para seu trabalho no Ministério da Educação e Saúde Pública. Mas foi principalmente poeta e refinado prosador, publicando livros de poemas e crônicas diárias nos principais jornais do Brasil
Quando Carlos Drummond de Andrade escreveu seu primeiro livro, Alguma Poesia (1930), o tema marcante era o do sujeito que constrói sua própria história e que, desde então, estaria presente ao longo de toda a sua obra.
Segundo o Professor Paulo Tostes, “Jean Paul-Sartre ainda não tinha publicado sua definição sobre o que implica o Existencialismo e Drummond já assumia em sua poesia a visão de que primeiro o homem existe, para depois se definir”.
No que se refere à obra O Sentimento do Mundo, obra essa indicada nesta seção como Dica de Leitura, revela sua reflexão sobre o século XX. Foi publicada em 1940, em plena a Segunda Guerra Mundial; época marcada pela ascensão de vários governos totalitários, inclusive, no Brasil tínhamos a Ditadura do Estado Novo com Vargas (1937-1945).
 Os dois versos que iniciam o poema que dá o título a este livro, “Tenho apenas duas mãos/e o sentimento do mundo”, segundo o colunista da Folha de São Paulo, Manuel da Costa Pinto, introduz ao universo do poeta mineiro, “um território literário sulcado pela ironia e pela perplexidade metafísica, dividido entre o tom prosaico (que aproxima a poesia dos problemas do homem comum, da ‘vida presente’) e a impossibilidade da expressão (demarcando o abismo interior de cada um)”.
Enfim, por que ler Drummond? O jornalista Heitor Mello, responde como ponto de partida uma das poesias do livro o Sentimento do Mundo, “Elegia1938”. Para ele, essa poesia
poderia entrar na categoria de poema profético, se fosse o caso. Mas o que conta aqui é que Drummond, poeta dos mais inteligentes e ligados ao seu tempo, sabia o peso que a ilha de Manhattan ocupava e ocupa no concerto das nações do capitalismo moderno. O poema, que trata de certa forma da falta de sentido de nossa vida no mundo de hoje (mesmo se tratando de um poema dos anos 30, o assunto ainda é pertinente), no qual trabalhamos “sem alegria para um mundo caduco”, termina com os seguintes versos:

‘Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrota/ e adiar para outro século a felicidade coletiva./ Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição/ Porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan’.

O Sentimento do Mundo é composto pelas seguintes poesias:

Sentimento do Mundo
Confidência do itabirano
Poema da Necessidade
Canção da Moça-Fantasma de Belo Horizonte
Tristeza do império
O Operário no mar
Menino chorando na noite
Morro da Babilônia
Congresso Internacional do medo
Os mortos de sobrecasaca
Brinde no Juízo Final
Privilégio do mar
Inocentes do Leblon
Canção de berço
Indecisão do Méier
Bolero de Ravel
La possession Du monde
Ode no cinqüentenário do poeta brasileiro
Os ombros suportam o mundo
Mãos dadas
Dentaduras duplas
Revelação do subúrbio
A noite dissolve os homens
Madrigal lúgubre
Lembrança do mundo antigo
Elegia 1938
Mundo grande
Noturno à janela do apartamento

Obs.: Fica a dica do documentário da Globo News sobre o poeta. Inclusive há poesias declamadas pelo próprio Drummond.
  Para visualizar o documentário assista ao vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=1PoU8aVRRAI


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