sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Jorge Amado: "o baiano de todos os santos"

Bastante caracterizada por um tom social, a obra de Jorge Amado (1912-2001) é permeada pelo imaginário sensual, religioso e multicultural. Eis a combinação que o escritor baiano tão bem imprimiu em suas dezenas de romances publicados em diversas línguas, aliás, dos grandes escritores da Academia Brasileira de Letras - ABL, é o que mais foi traduzido no exterior. Com uma literatura que apresenta ao mesmo tempo a temática da sensualidade em meio a uma crítica da sociedade brasileira, sobretudo da sociedade baiana ao longo do século XX, J. Amado, desde o início de sua produção, envolveu-se com a ideologia marxista, procurando destacar em seus enredos os conflitos em torno das relações entre o trabalho e o poder, juntamente com os apelos à sensualidade. Assim, na sua primeira fase, romances como O País do Carnaval (1931), o primeiro, Cacau (1933), Suor (1934) e Jubiabá (1935), o mais engajado politicamente, foram inspirados junto a trabalhadores e grupos marginalizados da Bahia, que se redimiam buscando uma consciência sobre a luta de classes. Posteriormente, abandonanado as teorias acerca do proselitismo político, J. Amado se voltou mais para a arte literária, mantendo em destaque o clima sensual em que viviam os personagens que construía e mergulhando mais na cultura popular. Nesse sentido, destacam-se Gabriela, Cravo e Canela (1958), com uma nova versão para a telenovela da Rede Globo, agora em 2012, Dona Flor e seus Dois Maridos (1966) e Tieta (1977). Com todo essa produção, para citar apenas algumas de suas obras mais famosas, e que acabaram indo para as telas da TV e do cinema, J. Amado, ainda assim, nunca foi um consenso entre os críticos, chegando a ser visto como um escritor muito comercial, pouco erudito e até panfletário diante de sua adesão ao Partido Comunista. De qualquer forma, não há como negar que ao serem comemorados os 100 anos de nascimento do grande escritor baiano, agora no dia 10 de agosto de 2012, a sua literatura serviu, em décadas passadas, como uma "iniciação" sobre a cultura brasileira para muitos estrangeiros, tornando-se o imaginário de sua obra uma leitura que acabou contribuindo para identificar certa visão do Brasil, ainda presente nos dias de hoje. Enfim, rejeitado por alguns ou querido por outros, Jorge Amado não deixa de ser o "baiano de todos os santos" e um dos grandes escritores de toda literatura brasileira...

2 comentários:

  1. Excelente texto, caro amigo. Jorge Amado foi meu escritor preferido de toda adolescência, na qual li parte de sua obra. Seus tipos e seu estilo marcaram profundamente minhas leituras e minha interpretação do que é ser brasileiro. Abração

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  2. Oi, Jodenir,

    que prazer reencontrá-lo por aqui! Então foi oportuna a sugestão do grande Jorge Amado...

    Um gde abço, Paulo.

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