Soneto torto
por Everardo Paiva de Andrade *
dê-me uma tese em 2 v.
de mil p.
e o vento forte do Isaac
à beira-mar
dê-me uma dúzia de
copos vazios
e essa sede de alastrar
incêndios
dê-me a divina benção
sobre o lucro
e a roleta de um banco
oficial
dê-me o canto d’Os
cantos de Pound
e toda ira do poeta
contra a usura
dê-me a aspereza das
tardes cruas
a nota de uma trova em
mil palavras
dê-me a própria dor por
companheira
e a esperança bem no
vidro da janela
dê-me o tempo perdido, a
lembrança
e o retorno é o que vai
neste soneto
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* Everardo de Paiva Andrade assim se descreve: "Nasci em Itaperuna,
cidade do extremo noroeste fluminense. Fui uma criança sorridente e
de certo modo ainda me considero uma pessoa feliz. Acostumei-me a ser
sempre o mais novo da turma e agora, cada vez mais, me sinto o mais
jovem dos velhos. Fui estudante de História, o que me deu uma
profissão e uma angústia, porque não pude fazer o mundo que
imaginava impossível. Integro (se é que ainda me querem por lá) as
academias itaperunense e campista de letras, essas belas experiências
de vanguarda na retaguarda local. Publiquei dois livros de poesia, um
no início da década de 90, outro na de 2000, e de novo já se
passaram dez anos... Retornei a Niterói e vivo hoje onde e como
escolhi, embora aquela voz persistente insista aos meus ouvidos que
não cumpri integralmente uma promessa. Sou professor na Faculdade de
Educação de uma universidade pública, lidando com jovens
estudantes de História, e gosto do que faço. Não pretendo
regressar a Itaperuna quando concluir minha desaprendizagem. Está
bom assim!" Contato: everardo_andrade@uol.com.br
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